- O custo e o retorno dos investimentos constitui o principal freio para embarcar em projetos desta dimensão, enquanto os problemas organizacionais e culturais e a falta de pessoal qualificado são os fatores que mais dificultam a adoção das tecnologias.
- A possibilidade de estabelecer alianças, gerar maiores entradas ou melhorar a experiência do cliente são as maiores oportunidades que as seguradoras enxergam na transformação digital
- As principais ações que estão realizando as companhias para apoiar o desenvolvimento destas iniciativas são a reorganização para criar estruturas mais ágeis, eliminar os sistemas que ficaram obsoletos e recorrer a modelos cloud
- A mobilidade e o Big Data, na visão das seguradoras, são as tecnologias que terão maior impacto no curto prazo por sua capacidade para aproximar-se dos clientes, personalizar seus serviços e prevenir a fraude
As empresas seguradoras devem conhecer profundamente as possibilidades e os riscos da transformação digital, a fim de se adaptar ao novo cenário que está sendo configurado como consequência da adoção massiva do smartphone como detonador da mudança no comportamento do consumidor, a aparição de novos concorrentes ou as mudanças tecnológicas e reguladoras.
Conforme o relatório sobre “tecnologias exponenciais: oportunidades, desafios e realidades para o desenvolvimento do seguro” que foi apresentado pelo ICEA -serviço de estatísticas e estudos do setor de seguros na Espanha- com a colaboração da Indra, 60% das companhias que participaram do estudo reconhecem ter impulsionado projetos estratégicos de transformação digital, sendo, em sua maioria, exitosos. O estudo contou com a participação de um total de 67 empresas.
As seguradoras, no entanto, consideram que ainda há fatores que dificultam a implantação de tecnologias exponenciais, como é o caso dos problemas organizacionais e culturais (63,4%), a nível geral das companhias, e a falta de pessoal qualificado (63,4%) e de orçamento (53,7%), nos departamentos de TI. Neste ponto, é importante destacar que a metade das companhias de mais sucesso contaram com um orçamento específico de mais de um milhão de euros para abordar o desenvolvimento destas iniciativas, o mesmo que 17% das demais empresas, o que destaca a importância do orçamento junto com as mudanças implícitas na transformação digital e que é necessário atender de forma global todos os fatores mencionados. Por outro lado, o custo destas tecnologias ou o retorno que se espera dos investimentos foram os argumentos utilizados pelas demais companhias para não embarcar em projetos desse porte.
O relatório também sinaliza que em torno de 80% das entidades de sucesso desenvolveram uma estratégia e têm alguma iniciativa em curso, que, em quase 16% dos casos, sugeriram a criação de novos postos de trabalho na organização. Vale ressaltar, além disso, que a maior responsabilidade neste âmbito segue recaindo nos departamentos de TI, ainda que a direção geral esteja sendo envolvida dentro de suas agendas como projetos prioritários. Outros dados mostram que a estratégia “Bimodal”, na qual convivem simultaneamente a organização tradicional das companhias e as novas iniciativas, é a fórmula mais utilizada e que o apoio nas Insurtech é ainda baixo, mesmo que se comece a ser percebido como uma alavanca importante para impulsionar a inovação e a criação de conhecimento.
Estruturas mais ágeis e novos sistemas
Ainda que o mercado não esteja suficientemente maduro, a maioria das empresas mostra-se otimista com estas tecnologias, tanto a nível particular (71,4%) quanto do setor (59,5%), nas quais se vê uma oportunidade para evoluir, gerar novas entradas, estabelecer alianças, desenvolver novos produtos e melhorar a experiência do cliente. Além disso, opinam que os projetos focados no Big Data, Internet of Things (IoT) e Mobilidade, serão os que terão maior impacto em curto prazo, enquanto que consideram que a inteligência artificial e o Blockchain seriam em médio-longo. A ciber-segurança será um elemento-chave em todo o processo.
Por outro lado, tanto as companhias que tiveram sucesso no desenvolvimento de iniciativas baseadas em tecnologias exponenciais, quanto as que não, coincidem nas ações que vem ser realizadas para superar os obstáculos. Neste sentido, dão prioridade à reorganização para criar estruturas mais ágeis que limitem o impacto dos problemas culturais e organizacionais, e à eliminação progressiva dos sistemas Legacy (sistemas herdados) por considerar que chocam, a partir de um ponto de vista tecnológico, com estas novas tecnologias.
Outras medidas para a lutar contra os obstáculos são a criação de novas unidades de negócio independentes centradas na transformação digital, bem como a implantação de modelos Cloud (83% das companhias de sucesso gerem parte de seu sistema sob a modalidade SaaS), que permitem enfrentar as limitações orçamentárias e adaptar-se de forma flexível e escalável às tecnologias exponenciais.
Por fim, as companhias consideram que os departamentos que serão mal influenciados por estas tecnologias serão os envolvidos no desenho da oferta seguradora (assinatura e produção e desenho de produtos) e no conhecimento do cliente (distribuição e marketing). Por outro lado, os produtos para particulares, e concretamente os de automóveis, habitação e saúde, serão os que tiverem maior impacto por parte das tecnologias exponenciais.
Sobre o ICEA
ICEA (Investigação Cooperativa entre Entidades Seguradora e Fundos de Pensões), foi fundada em 1º de fevereiro de 1963, sendo a primeira associação de entidades de seguros constituída na Espanha. O ICEA tem encomendada a função de Serviço de Estudos do Setor Segurador da Espanha, sendo o órgão responsável por realizar e publicar todas as estatísticas setoriais.
Além disso, realiza trabalhos de pesquisa sobre temas relacionados com a prática seguradora, com o objetivo de analisar tendências e comportamentos de mercado; além de oferecer serviços de formação e assessoria sobre matérias que afetam a atividade seguradora.
Atualmente, o ICEA conta com mais de 200 entidades aderidas, que representam mais de 95% dos bônus do setor.
Sobre a Indra
A Indra é uma das principais companhias globais de consultoria e tecnologia, a empresa líder em tecnologias da informação na Espanha e o sócio tecnológico para as operações-chave dos negócios de seus clientes em todo o mundo. Possui uma oferta integral de soluções próprias e serviços avançados e de alto valor agregado em tecnologia, que combina com uma cultura única de confiabilidade, flexibilidade e adaptação às necessidades dos seus clientes. A Indra é líder mundial no desenvolvimento de soluções tecnológicas integrais em campos como Defesa e Segurança; Transporte e Tráfego; Energia e Indústria; Telecomunicações e Mídia; Serviços Financeiros; Processos Eleitorais; e Administrações Públicas e Saúde. Por meio da sua unidade Minsait, a Indra responde aos desafios que a transformação digital desenvolve. No exercício de 2016, a Indra teve entradas de2,7 bilhões de euros, 34.000 funcionários, presença local em 46 países e operações comerciais em mais de 140 países. Após a aquisição da Tecnocom, a Indra soma entradas conjuntas de mais de 3,2 bilhões de euros em 2016 e uma equipe de cerca de 40.000 profissionais.